A família Begoniaceae engloba cerca de 1500 espécies de plantas distribuídas em dois géneros: Hillebrandia, nativo do Havai, e Begonia, sendo este último o mais representativo. Estas plantas habitam regiões tropicais e subtropicais da Ásia, África e América, crescendo nos ramos das árvores tropicais ou no solo. As primeiras espécies desta família foram descritas em 1690 pelo botânico francês Charles Plumier, que lhes atribui o nome begónia em homenagem a Michel Begon, governador das Antilhas francesas e coleccionador de plantas.
As plantas do género Begonia são muito diversas, apresentando folhas de várias formas e cores, o que as torna excelentes plantas ornamentais. Fotografia da esquerda por Sanni Sahil e fotografia da direita por David Clode em Unsplash.
Begonia
Estas plantas caracterizam-se por folhas assimétricas e caules carnudos, apresentando uma grande diversidade de padrões e cores nas suas folhas, consoante a espécie. O formato das folhas também é muito variável, existindo inclusivamente espécies com folhas compostas, como a Begonia bipinnatifida e a Begonia luxurians.
A classificação das plantas do género Begonia é por vezes difícil, já que muitas das variedades com importância ornamental que estão disponíveis actualmente são híbridos. Apesar disso, podem ser dividas em três categorias:
Fibrosas: possuem apenas raízes fibrosas. Dentro desta categoria existem vários tipos de plantas, como por exemplo as begónias-de-cera (como a Begonia cucullata) que apresentam folhas redondas de cor verde ou bronze e flores pequenas mas numerosas, e as begónias-de-cana, como a famosa Begonia maculata, caracterizadas por caules erectos semelhantes ao bambú e folhas assimétricas em forma de asa de anjo.
Rizomatosas: possuem um rizoma, ou seja, um caule espesso, geralmente subterrâneo, que cresce horizontalmente, dele partindo pequenas raízes que se fixam no solo, permitindo armazenar nutrientes e água. É a categoria que engloba mais espécies, sendo a maioria plantas compactas, com folhas redondas ou em forma de estrela, que florescem no Inverno. A espécie mais popular desta categoria é a Begonia rex e as variedades híbridas dela derivadas que apresentam uma enorme variedade de cores e formas das suas folhas, algumas até em forma de espiral.
Tuberosas: possuem tubérculos, ou seja, caules modificados que armazenam amido e de onde nascem raízes e rebentos. Dentro desta categoria existem várias variedades híbridas que são muito populares devido às suas grandes flores com cores variadas.
A Begonia maculata, muito popular graças ao padrão das suas folhas, é uma das espécies de begónia com raízes fibrosas.Fotografia da esquerda por Gabriella Clare Marino em Unsplash, fotografia da direita ©Variegato Plants.
Cuidados:
Luz: abundante mas indirecta; a espécie Begonia rex e seus derivados híbridos toleram ambientes menos luminosos.
Temperatura e humidade: temperatura amena, entre 18 a 24ºC, têm pouca tolerância a temperaturas baixas; preferem ambientes húmidos, pelo que beneficiam de estratégias que aumentam a humidade relativa como agrupar as plantas de necessidades semelhantes lado a lado, colocar recipientes com água por perto ou, se o clima for mesmo muito seco, utilizar humidificadores; não pulverizar directamente as folhas pois ficam mais susceptíveis a fungos.
Substrato: preferem substratos que garantam boa drenagem; o formato ideal de vaso varia com o tipo de planta: as fibrosas preferem vasos normais pequenos, as rizomatosas preferem vasos mais amplos e rasos mas nunca demasiado grandes. Dica: aproveitar a troca de substrato para propagar as espécies rizomatosas através da divisão de rizomas
Rega: são plantas muito sensíveis ao excesso de água e à seca, pelo que a melhor estratégia é deixar secar os primeiros centímetros de substrato antes de regar novamente; reduzir a rega no Inverno; não molhar as folhas directamente pois ficam mais susceptíveis a fungos.
Fertilização: fertilizar a cada três semanas na fase de crescimento da planta (geralmente, Primavera e Verão); as begónias tuberosas preferem fertilizantes ricos em fósforo.
Toxicidade: plantas tóxicas para animais de estimação.
Problemas comuns:
- Folhas ficam amarelas ou castanhas, acabando por cair: excesso de água, que poderá ser potenciada por um vaso demasiado grande.
- Manchas cinzento-escuro nas folhas semelhantes a bolor, por vezes com aprodrecimento do caule: doença conhecida como “podridão cinzenta” causada pelo fungo Botrytis cinerea.
- Manchas nas folhas com halo amarelo: infecção por bactérias.
- Distorção das folhas jovens e das flores, manchas de cor prateada ou bronze nas folhas: tripes, nome pelo qual são conhecidos os insectos da ordem Thysanoptera, uma praga muito prejudicial e difícil de identificar em fases iniciais.
- Folhas pálidas ou secas, por vezes com padrão “salpicado” ou com teias no verso: ácaros-aranha, uma praga bastante prejudicial pois costuma passar despercebida em fases iniciais; à semelhança da infestação por tripes, também pode cursar com distorção das flores e é mais frequente em ambientes secos.
- Presença de pontos semelhantes algodão nas folhas, por vezes com uma secreção pegajosa: cochonilha, uma das pragas mais prejudiciais às plantas.
- Manchas brancas tipo pó nas folhas: míldio, doença provocada por microrganismos parasitas pertencentes à família Peronosporaceae, previamente classificada como fungo mas actualmente faz parte do reino Protista; esta infecção é potenciada por ambientes mal ventilados.
- Folhas pálidas e quebradiças: excesso de luz e/ou humidade reduzida.
Bibliografia:
Kollmann, L. Diversidade, Biogeografia e Conservação das Begoniaceae do Estado do Espírito Santo, Brasil. Universidade Federal do Espírito Santo, CEUNES. São Mateus. 2012
Ginori J, Huo H, Warwick C. A Beginner’s Guide to Begonias: Clasification and Diversity. University of Florida, IFAS Extension. Florida. 2020
Bayton, R, Maughan, S. Plant Families: a Guide for Gardeners and Botanists. The University of Chicago Press. Chicago. 2017
Pleasant, B. The Complete House Plant Survival Manual. Storey Books. 2005