O género Ficus é o mais representativo da família Moraceae, contendo mais de 800 espécies de plantas com hábitos diversos, incluindo árvores, plantas epífitas, hemiepífitas e arbustos. Distribuem-se em regiões tropicais e subtropicais do planeta, localizando-se o seu centro de diversidade no Paleotrópico, sobretudo nas ilhas de Bornéu e Nova Guiné.
Além da espécie Ficus carica, mais conhecida como figueira-comum, uma das primeiras plantas domesticadas pelo Homem devido ao uso alimentar do seu fruto (o figo), existem espécies igualmente populares devido ao seu uso ornamental. Dentro destas, destacamos a Ficus elastica, a Ficus lyrata e a Ficus benjamina.
A Ficus elastica é também conhecida como Árvore-da-borracha e caracteriza-se por grandes folhas de cor verde escura, embora possam existir variedades com variegação como a Ficus elastica "Tineke" (fotografia da direita). Fotografia da esquerda por Elle Lumière e fotografia da direita por feey em Unsplash.
Ficus elastica
Também conhecida como Árvore-da-borracha, esta espécie é uma árvore perene que no seu habitat natural pode atingir 12 metros de altura, comportando-se como uma planta epífita durante as fases iniciais da sua vida. Uma das suas características mais distintivas são as grandes folhas verdes escuras brilhantes de forma elíptica que podem atingir 30 cm de comprimento. Existem variedades com variegação nas folhas que assim apresentam vários tons de verde, creme e rosa, como a Ficus elastica “Tineke” e a Ficus elastica “Belize”.
Tal como nas restantes plantas do género Ficus, a polinização é efectuada apenas por uma espécie de vespa que no caso da Ficus elastica é a Blastophaga clavigera. No entanto, quando colocadas no interior, estas plantas raramente florescem e não atingem as dimensões habituais das plantas que crescem no exterior.
A Ficus elastica aprecia que as suas folhas sejam limpas frequentemente com um pano húmido e não gosta de alterações bruscas no seu ambiente. Quanto isso acontece, pode perder as folhas mais inferiores.
Ficus lyrata
Também conhecida como figueira-lira, deve o seu nome à forma das folhas que se assemelham a uma lira, instrumento musical antigo. À semelhança da Ficus elastica, a Ficus lyrata é uma árvore que pode atingir 12 metros de altura no seu estado adulto e no exterior. Quando mantida no interior, o seu crescimento é mais lento e menos expressivo. Destaca-se pelas suas grandes folhas verdes brilhantes e ligeiramente onduladas que podem atingir 30 cm de comprimento. É uma planta fácil de manter e quando atinge dimensões maiores pode ser podada para conservar a forma típica de uma árvore.
A Ficus lyrata é uma árvore de crescimento lento e fácil cuidado que pode ser mantida no interior como elemento chave da decoração. Fotografia da esquerda por feey e fotografia da direita por Beazy em Unsplash.
Cuidados (comuns à Ficus elastica e Ficus lyrata):
Luz: moderada a abundante, indirecta; podem apanhar sol directo nas horas de menor calor e também toleram ambientes menos luminosos.
Temperatura e humidade: temperatura amena a elevada, entre 17 e 27ºC, podendo tolerar temperaturas mais baixas; não são especialmente exigentes no que diz respeito à humidade.
Substrato: deve ser arejado e garantir boa drenagem.
Rega: Deixar secar os primeiros centímetros de substrato entre regas; na Primavera e Verão manter o substrato mais húmido mas sem encharcar, pois são plantas especialmente susceptíveis ao excesso de água; a Ficus lyrata habitualmente necessita de mais água que as restantes espécies mas à semelhança destas não se deve encharcar o substrato.
Fertilização: fertilizar mensalmente na Primavera e Verão.
Toxicidade: plantas tóxicas para animais de estimação.
Ficus benjamina
A Ficus benjamina, conhecida por figueira-benjamim, é uma espécie muito popular enquanto planta ornamental. Quando colocada no exterior, em condições ideais, pode atingir cerca de 3 metros de altura mas no interior assume dimensões mais compactas. Ao contrário das espécies anteriormente descritas, a Ficus benjamina caracteriza-se por folhas pequenas, de forma elíptica e discretamente onduladas nas bordas. Além da cor verde homogénea, existem variedades com variegação creme. Em condições ideais produz um fruto que costuma servir de alimento para morcegos. É uma planta de crescimento lento que no Outono pode perder uma parte considerável das suas folhas sem que isso represente um problema. No Verão pode ser colocada no exterior abrigada do sol directo.
Cuidados:
Luz: abundante, indirecta; podem apanhar sol directo nas horas de menor calor.
Temperatura e humidade: temperatura amena, entre 17 e 24ºC, podendo tolerar temperaturas mais altas; não são especialmente exigentes no que diz respeito à humidade.
Substrato: deve ser arejado e garantir boa drenagem.
Rega: Deixar secar os primeiros centímetros de substrato entre regas.
Fertilização: fertilizar mensalmente na Primavera e Verão.
Toxicidade: plantas tóxicas para animais de estimação.
A Ficus benjamina é uma das plantas ornamentais mais populares. Ao contrário das espécies anteriormente descritas, apresenta folhas pequenas e numerosas. Algumas variedades podem apresentar variegação nas folhas (fotografia da direita). Fotografia da esquerda por feey e fotografia da direita por Jay-Pee Peña em Unsplash.
Problemas comuns das plantas do género Ficus:
- Queda de folhas: geralmente deve-se a stress ambiental, tal como mudança de local; no caso da Ficus benjamina, é uma ocorrência natural no Outono.
- Ausência de crescimento ou crescimento muito lento: luz insuficiente; as plantas do género Ficus costumam ter crescimento lento mas quando não são expostas a luz suficiente, esse crescimento pode abrandar mais.
- Pequenos discos castanhos nos caules e folhas: cochonilha-lapa, uma praga por vezes difícil de identificar.
- Presença de pontos semelhantes algodão nos caules e folhas, por vezes com uma secreção pegajosa: cochonilha, uma das pragas mais prejudiciais às plantas.
- Pequenos bichos nos caules e locais onde emergem novas folhas; novas folhas crescem enrugadas: afídeos (também conhecidos como pulgões), uma praga frequente difícil de identificar, já que são pequenos e por vezes de cor verde, confundindo-se com as estruturas da própria planta.
- Folhas pálidas ou secas, por vezes com padrão “salpicado” ou com teias no verso: ácaros-aranha, uma praga bastante prejudicial pois costuma passar despercebida em fases iniciais.
- Manchas irregulares de cor prateada nas folhas, por vezes com pequenos pontos pretos, acabando as folhas por murchar: infestação por tripes, insectos milimétricos sugadores de seiva, uma praga devastadora se não for tratada atempadamente.
Bibliografia
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