Araceae - Monstera

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A primeira referência na literatura ocidental a uma planta do género Monstera data de 1693, pela mão do botânico francês Charles Plumier, ao descrever a vegetação da Martinica. A planta descrita, na altura denominada Arum hederaceum amplis folis perforatis, sabemos hoje corresponder à Monstera adansonii, utilizada pelos nativos da ilha no tratamento de mordeduras de cobra.

Actualmente, conhecem-se cerca de 40 espécies de plantas pertencentes a este género e que tipicamente habitam florestas tropicais.

Uma das características destas plantas é o facto de apresentarem alterações da forma e dimensão das folhas ao longo do seu desenvolvimento (heteroblastia) de modo a promover a sua adaptação ao meio onde vivem. Exemplo disso é o desenvolvimento de fenestrações nas folhas à medida que a planta se desenvolve.

A Monstera deliciosa é talvez a espécie mais popular dentro do género Monstera. Nativa de florestas tropicais, apresenta folhas que vão ficando cada vez mais fenestradas à medida que a planta se desenvolve, de modo a permitir uma melhor adaptação ao meio onde vive. 

As fenestrações variam consoante a espécie de Monstera: em algumas espécies limitam-se a buracos próximos da nervura central, noutras espécies as fenestrações são tão grandes que se estendem da nervura central até à borda da lâmina foliar. Têm surgido várias hipóteses para explicar a função destas fenestrações. Tendo em conta a posição destas plantas no sub-bosque das florestas tropicais, a hipótese mais consensual é que as fenestrações permitem aumentar a quantidade de água que atinge as raízes subterrâneas da planta, ao escorrer mais perto do caule.

Representação das folhas adultas de várias espécies de Monstera: 2 - M. tuberculata; 3 - M. pittieri; 4 - M. obliqua; 5 - M. xanthospatha; 6 - M. gracilis; 7 - M. epipremnoides; 8 - M. oreophila; 9 - M. siltepecana; 10 - M. adansonii var. laniata; 11 - M. adansonii var. adansonii; 12 - M. adansonii var. klotzschiana; 13 - M. membranaceae; 14 - M. subpinnata; 15 - M. lechleriana; 16 - M. acacoyaguensis; 17 - M. acuminata; 18 - M. spruceana; 19 - M. dilacerata; 20 - M. deliciosa; 21 - M. punctulata; 22 - M. dubia; 23 - M. tennis. (Madison, 1977, p. 12, fig 2-23).

Outra das características interessantes das plantas do género Monstera é o facto de produzirem raízes aéreas que permitem que a planta cresça apoiada em ramos de árvores ou rochas. Estas raízes costumam crescer perpendicularmente ao caule e podem atingir 50 cm de comprimento! A germinação da planta, no entanto, ocorre ao nível do solo e à medida que se desenvolve começa a produzir estas raízes aéreas. Quando atinge grandes dimensões, as porções mais velhas do caule que contactam com o solo podem mesmo chegar a desaparecer, ficando a planta conectada a este apenas pelas raízes terrestres. Pensa-se que a vantagem evolutiva deste hábito hemiepífito resida na protecção contra predadores terrestres e na possibilidade de permitir alcançar uma grande quantidade de luz sem a necessidade de produzir uma estrutura de suporte autónoma, como os tradicionais troncos de árvore.

Monstera deliciosa

Também conhecida como costela-de-adão, a Monstera deliciosa é uma planta muito popular graças às suas grandes folhas fenestradas que podem exceder os 30 cm de comprimento. Se tiver espaço para crescer, como por exemplo no exterior, pode atingir grandes dimensões e pode até produzir um fruto comestível se for cultivada em ambientes próximos do seu habitat natural. No entanto, não esquecer que as suas folhas são tóxicas para pessoas e animais! Dica: quando atinge dimensões maiores pode ser propagada facilmente por estacas, cortando abaixo do nó e enraizando (em água ou solo).

A popular Monstera deliciosa, mais conhecida como costela-de-adão, é uma planta muito fácil de cuidar e que pode atingir grandes dimensões se tiver espaço para crescer. 

Cuidados:

Luz: moderada a abundante, indirecta; não tolera sol directo a menos que seja matinal e durante pouco tempo.

Temperatura e humidade: temperatura amena a elevada, entre 18 e 29ºC; preferem ambientes húmidos, característicos do seu habitat natural, mas sendo plantas resistentes toleram climas mais secos.

Substrato: deve ser arejado e garantir boa drenagem; beneficiam da troca anual de substrato na Primavera, idealmente para um vaso maior permitindo assim o seu crescimento.

Rega: Deixar secar os primeiros centímetros de substrato entre regas; reduzir a rega no Inverno, pois são plantas muito sensíveis ao excesso de água.

Fertilização: fertilizar mensalmente na Primavera e Verão.

Toxicidade: plantas tóxicas para animais de estimação.


Problemas comuns:

  • Pontas das folhas castanhas: falta de água no substrato ou falta de humidade.
  • Folhas novas pequenas ou sem fenestrações: na planta jovem é normal mas na planta já adulta e desenvolvida, pode significar défice de luz ou falta de fertilização.
  • Folhas mais velhas amarelas ou castanhas: temperaturas baixas ou falta de luz, no Inverno; no Verão pode dever-se a rega errática causando défice ou excesso de água no substrato.
  • Pequenos discos castanhos nos caules e folhas: cochonilha-lapa, uma praga por vezes difícil de identificar
  • Manchas irregulares de cor prateada nas folhas, por vezes com pequenos pontos pretos, acabando as folhas por murchar: infestação por tripes, insectos milimétricos sugadores de seiva, uma praga devastadora se não for tratada atempadamente.
  • Presença de pontos semelhantes algodão nos caules e folhas, por vezes com uma secreção pegajosa: cochonilha, uma das pragas mais prejudiciais às plantas.

Monstera adansonii

O seu nome científico homenageia o botânico francês Michael Adanson mas popularmente é mais conhecida como Monstera máscara-de-macaco ou “Monkey Leaf”. Esta planta de folhas ovais intensamente fenestradas, que na idade adulta podem atingir 45 cm de comprimento, é muitas vezes confundida com a Monstera obliqua, uma espécie muito rara apenas avistada 17 vezes no seu habitat natural. De rápido crescimento e muito fácil de cuidar, a Monstera adansonii adapta-se a vários ambientes, embora prefira naturalmente condições próximas dos lugares de onde é nativa, ou seja, florestas tropicais húmidas. Pode ser colocada em vasos de pendurar mas, sendo uma planta hemiepífita, vai preferir crescer apoiada num tutor, ficando assim com folhas maiores e mais fenestradas. Conhecem-se três variedades desta espécie que diferem em algumas características morfológicas e distribuição: Monstera adansonii var. adansonli, Monstera adansonii var. laniata e Monstera adansonii var. klotzschiana.

A Monstera adansonii deve o seu charme às suas folhas intensamente fenestradas de cor verde intensa que atingem dimensões maiores se a planta crescer apoiada num tutor. Fotografia da esquerda por Severin Candrian e fotografia da direita por Zinah Insignia em Unsplash.


Cuidados:

Luz: moderada a abundante, indirecta.

Temperatura e humidade: temperatura amena a elevada, entre 18 e 27ºC mas toleram temperaturas mais baixas; preferem ambientes húmidos, característicos do seu habitat natural, mas sendo plantas resistentes toleram climas mais secos.

Substrato: deve ser arejado e garantir boa drenagem; beneficiam da troca anual de substrato na Primavera, idealmente para um vaso maior permitindo assim o seu crescimento.

Rega: Deixar secar os primeiros centímetros de substrato entre regas; reduzir a rega no Inverno.

Fertilização: fertilizar mensalmente na Primavera e Verão.

Toxicidade: plantas tóxicas para animais de estimação.


Problemas comuns:

  • Pontas das folhas castanhas: falta de água no substrato ou falta de humidade.
  • Manchas irregulares de cor prateada nas folhas, por vezes com pequenos pontos pretos, acabando as folhas por murchar: infestação por tripes, insectos milimétricos sugadores de seiva, uma praga devastadora se não for tratada atempadamente.
  • Presença de pontos semelhantes algodão nos caules e folhas, por vezes com uma secreção pegajosa: cochonilha, uma das pragas mais prejudiciais às plantas.
  • Descoloração das folhas formando um padrão mosqueado: infecção por vírus do mosaico, uma doença intratável e contagiosa para outras plantas, transmitida por afídeos (pulgões) ou outros insectos, bem como material de jardinagem, vasos, etc.


Bibliografia:

Croat, T, Kromer, T, Acebey, A. Monstera florescanoana (Araceae), a new species from central Veracruz, Mexico. Revista Mexicana de Biodiversidad. 81, 225–228. 2010.

Madison, M. A revision of Monstera (Araceae). The Gray Herbarium of Harvard University. 207, 3-97. 1977.

Gunawardena, A, Sault, K, Donnelly, P, Greenwood, J, Dengler, N. Programmed cell death and leaf morphogenesis in Monstera obliqua (Araceae). Planta 221, 607–618. 2005.

Lubenow, C. P. The adaptive function of leaf fenestrations in Monstera spp. (Araceae): a look at water, wind, and herbivory. Tropical Ecology Collection [Monteverde Institute]. 2012.

Pleasant, B. The Complete House Plant Survival Manual. Storey Books. 2005