Os gatos têm fama de serem independentes e solitários mas na realidade são animais bastante sociáveis, beneficiando da vivência em grupos, nas chamadas colónias. Pensa-se que este modelo de colónia, cuja densidade populacional se relaciona directamente com a quantidade de alimento disponível, seja semelhante ao que se desenvolveu durante o processo de domesticação dos gatos, dada a elevada presença de roedores em locais habitados pelo homem. Em oposição, os gatos tendem a ter um comportamento mais solitário quando habitam zonas de escassos recursos alimentares. São também os recursos alimentares que definem os limites territoriais da colónia e os gatos usam várias estratégias, como já vimos, para marcar esses limites. As várias formas de comunicação que os gatos usam são essenciais para a sua vida social na colónia. O odor é uma das mais importantes: cada colónia tem um odor específico, permitindo assim identificar os elementos a ela pertencentes; por isso, quando um gato se ausenta muito tempo ou toma banho, pode ser rejeitado ou agredido pelos restantes elementos da colónia, devido a ter perdido o seu odor característico.
Dentro da colónia, as relações e os comportamentos dos vários indivíduos são muito variáveis. Por exemplo, os machos não castrados permanecem nas colónias por períodos mais curtos e com o objectivo de acasalamento, enquanto que os machos castrados e as fêmeas permanecem por períodos mais longos, cooperando activamente na criação dos filhos de outras fêmeas e auxiliando no parto. Também a hierarquia não é linear, podendo variar com o número de elementos da colónia e com o espaço que habitam. Muitas vezes, num apartamento com vários gatos, assistimos a padrões hierárquicos que reflectem isso mesmo: cada divisão da casa é controlada por um gato diferente ou o gato que é dominante no acesso ao alimento torna-se submisso no acesso ao local de repouso, por exemplo.
Nas colónias os gatos estabelecem hierarquias nem sempre lineares, variando com a "personalidade" de cada gato e com o espaço que habitam. Fotografia por Derek Chang em Unsplash.
Bibliografia:
Scholten, A. Particularidades comportamentais do gato doméstico. Universidade Federal de Rio Grande do Sul – Faculdade de Veterinária. Porto Alegre.