Os gatos comunicam de várias formas. Apesar de serem considerados animais silenciosos, já que necessitam de silêncio para caçar, os gatos usam o som como forma de comunicação. Quando são pequenos, os gatinhos miam para chamar a atenção da mãe. Na fase adulta tornam-se menos “faladores”, mas aqueles que vivem na companhia de outros gatos ou de seres humanos acabam por vocalizar mais. Pensa-se que este comportamento foi evoluindo ao longo de milhares de anos de convivência com o homem, podendo dever-se à sua associação com a obtenção de alimento, carinho ou outros cuidados por parte do tutor. Outra explicação possível é os gatos continuarem a manifestar comportamentos infantis por encararem o tutor como a sua mãe. O miado também é utilizado para a comunicação entre o macho e fêmea durante o cio. Além do miar, os gatos emitem outros sons como o ronronar, frequentemente associado a um estado de calma e conforto mas também observado em situações de dor extrema, e sons mais associados a estados de agressividade ou medo como o grunhir, rosnar ou sibilar.
O miar é uma das formas que o gato utiliza para comunicar com o seu tutor, normalmente para obter alimento, atenção ou carinho. Fotografia por Marlon Soares em Unsplash.
A comunicação visual é também muito importante no mundo felino mas muitas vezes passa despercebida aos humanos. Arriscamos dizer que se estivermos atentos à comunicação visual dos gatos é muito difícil sermos arranhados ou mordidos por eles. Um gato agressivo apresenta-se com a musculatura da cabeça tensa, olhos abertos ou semicerrados, pupilas estreitas, orelhas viradas para trás e bigodes virados para a frente, podendo apresentar a boca aberta, o pêlo eriçado e o dorso arqueado. Um gato curioso apresenta a musculatura da cabeça relaxada, direcciona as orelhas para o foco da sua atenção e as pupilas ficam mais dilatadas. A atitude amistosa é demonstrada com a cauda erecta e curvada na ponta ou mesmo, quando o gato está muito relaxado e confiante, com a exposição da sua barriga. Outro dos comportamentos frequentemente associados à tranquilidade e conforto é o pestanejar lento. Relativamente à cauda, quando estão curiosos os gatos costumam apresentar movimentos lentos, enquanto que movimentos vigorosos e ríspidos são observados em situações de stress ou ansiedade.
A linguagem corporal dos gatos permite-nos perceber o seu estado de espírito. Imagem adaptada de Anónimo, Le Chat Domestique, Cliché Sipa Icono, Editions Hazan. Paris. 1998.
Quem está atento ao mundo felino já reparou que os gatos se esfregam uns nos outros, nos tutores ou mesmo em várias superfícies do espaço onde residem. Também é comum lamberem-se uns aos outros quando fazem parte do mesmo grupo. Estes comportamentos, conhecidos como allorubbing e allogrooming, respectivamente, são formas de comunicação olfactiva e táctil usadas para demarcar o território, demonstrar afecto e reconhecer indivíduos do mesmo grupo, contribuindo para a sua organização social nas colónias. Na realidade, cada gato tem um cheiro particular e cada colónia também. É por isso que uma das formas de facilitar a introdução de um novo gato numa casa onde já existam gatos passa por esfregar um pano com o cheiro destes no novo elemento. Outro modo de comunicação olfactiva, particularmente em gatos não castrados, é a emissão de urina em borrifo, usada por eles quando pretendem demarcar território e demonstrar a sua condição sexual.
Arranhar superfícies é um comportamento que deixa qualquer tutor de gatos irritado, sobretudo se a vítima for o sofá! No entanto, há que ter em conta que arranhar superfícies não serve apenas para manter a saúde das unhas felinas. É, sobretudo, uma forma de comunicação visual e olfactiva para os gatos, funcionando com os mesmos objectivos que as restantes formas de comunicação anteriormente descritas. Por esse motivo, importa não punir o gato por este comportamento pois isso pode gerar stress desnecessário para o bichano.
Os gatos esfregam-se no tutor e através das secreções produzidas pelas glândulas da pele, cantos da boca, testa e cauda transmitem-lhe o seu odor, de modo a sinalizá-lo como elemento da colónia. Fotografia por Chen em Unsplash.
Bibliografia:
Scholten, A. Particularidades comportamentais do gato doméstico. Universidade Federal de Rio Grande do Sul – Faculdade de Veterinária. Porto Alegre.